15 de fevereiro de 2018

Quaresma

Foto: http://rumoasantidade.com.br/instrucoes/a-santa-quaresma/

Oi, gente. Tudo bem? Hoje inauguro uma nova categoria aqui no blog sobre posts católicos. Nessa categoria postarei diversos assuntos sobre a Igreja Católica e sua doutrina, e para começar falaremos sobre Quaresma.
Quaresma, caminho rumo à Pascoa da Ressurreição, começa na Quarta-Feira de Cinzas e termina na Quinta-Feira Santa, com a chamada “hora nona” da Liturgia das Horas. São os quarenta dias que antecedem a Semana Santa e nos quais nos preparamos para melhor vivenciá-la.  É um tempo de recolhimento para que possamos rever a nossa vida, rever até que ponto a nossa vida de cristão corresponde àquilo que Nosso Senhor nos pede. Ela serve para analisarmos se estamos verdadeiramente amando Deus sobre todas as coisas ou se outras coisas estão dominando o nosso coração. É um tempo de balanço geral em nossa vida, de pararmos, silenciarmos e refletirmos.

“A Igreja se une a cada ano, mediante os quarenta dias da Grande Quaresma, ao mistério de Jesus no deserto.” CIC 540

A Quaresma, como prática obrigatória, foi instituída no século IV, mas, desde sempre, os cristãos se preparavam para a Páscoa com oração intensa, jejum e penitência. O número de quarenta dias tem um significado simbólico-bíblico: quarenta são os dias do dilúvio, da permanência de Moisés no Monte Sinai, das tentações de Jesus no deserto. Guiados por esse tempo e pelas práticas – como que guiados por uma bússola –, buscamos os tesouros da fé para crescer no seguimento de Nosso Senhor Jesus Cristo.

É um tempo de oração, penitência, jejum e caridade ou esmolas. Na mensagem do Papa Francisco para a Quaresma 2014, ele fala sobre a miséria material, moral e espiritual.  Então como podemos ajudar as pessoas que vivem a miséria material, moral e espiritual? Como seria a caridade nestes três âmbitos? O diácono Renan Félix, da Comunidade Canção Nova, responde:
“A miséria moral é exercer a caridade com uma pessoa que está trilhando um caminho errado, é chamá-la a exercer um pouco da verdade, aconselhá-la e mostrar a ela que existe outra realidade. Por exemplo, se você conhece um amigo da faculdade que está trilhando um caminho de bebida, de alcoolismo, chame-o, gaste do seu tempo com ele para poder instruí-lo e, talvez, tentar tirá-lo dessa realidade de miséria moral.
A miséria espiritual vai para o mesmo caminho. São pessoas que, às vezes, precisam de uma palavra, de um consolo ou aconselhamento. São pessoas que precisam ser ouvidas, precisam de alguém que se sente e as escute. É uma miséria espiritual, ou seja, ela tem a necessidade de alguém que reze com ela, que a assuma em oração. Nós podemos sanar a miséria espiritual dos nossos irmãos dando-lhes a nossa vida em oração, sentando com eles, rezando por eles.
A miséria moral e a espiritual estão muito relacionadas ao nosso tempo, à nossa vida. Mas existe a miséria material, sobre a qual o Papa está insistindo. Como a Igreja pensa as práticas da Quaresma: oração, jejum, penitência, caridade e esmola? A oração nos leva para Deus quando nos lançamos para Ele. Quando revemos, na nossa vida, tudo o que está em excesso, aí entra a necessidade de jejum e penitência. Mas se isso parar apenas na nossa vida, e não transbordar na vida do irmão, não tem valor. É aí que entra a caridade e a esmola.
Então, vamos para o exemplo: eu faço uma penitência de não tomar refrigerante, vou pegar essa que é uma bem simples, durante toda a Quaresma, aí você calcula, quanto eu gasto por dia com refrigerante. Ah, eu gasto dez reais de refrigerante por semana, eu transformo aqueles dez reais em esmola para uma família que precisa.
Este é o sentido da esmola, aquilo que a gente jejua e que gastaria algo, entregamos aos pobres. De ir ao encontro, de fazer um rateio, de chamar outras pessoas. Os seus dez reais, mais os dez reais de outro; porque não faz uma cesta básica para uma família que está passando fome? Então, temos um costume muito egoísta: Ah tá bom, vou ficar sem tomar refrigerante, vai me sobrar dinheiro. Não esse dinheiro não é seu e, sim do outro! É por isso, que a Igreja sempre nos propôs essas três realidades juntas. Porque elas nos lançam nos outros, elas nos lançam na realidade dos outros. Agora, uma realidade que fica fechada no meu relacionamento com Deus e, na minha vida de uma conversão interior e não transborda em amor por outro.”

Foto: http://maristas.org.br/pastoral/liturgia/quaresma-a-urgencia-de-um-olhar-sensivel-e-solidario

Qual penitência fazer?

Primeiro, a penitência quer nos fazer lembrar de algo, de uma mortificação da nossa carne, de uma mortificação dos nossos sentidos para nos lembrarmos do centro da nossa vida, que é Deus. Então, a penitência tem que ser algo que lhe custe. Por exemplo, não dá para fazer penitência de carne se eu prefiro frango; não dá para fazer penitência de uma coisa que eu não tenha como comer todos os dias. Por exemplo: “Ah, eu gosto muito de café!” Opa! Se eu gosto muito dessa bebida, isso vai me fazer falta. Então a penitência tem que ser algo que recorde você o “para que” você a está fazendo. Lembrando que não pode ser algo que atente contra a sua saúde.

Por que os católicos não comem carne na sexta-feira?

É importante recordar que o costume de se abster de carne na sexta-feira sempre esteve ligado à Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, portanto, é mister recuperá-lo a fim de aumentar ainda mais a devoção e a própria configuração Àquele que deu seu Sangue e sua vida por amor a nós, pobres criaturas. E, assim, como não amar de volta? Como não recordar - na sexta-feira - o grande amor que salvou a humanidade?
É através da prática do jejum que se pode alcançar com frutos a virtude da temperança, definida pelo Catecismo da Igreja Católica como sendo a "virtude moral que modera a atração pelos prazeres e procura o equilíbrio no uso dos bens criados". Ela assegura o "domínio da vontade sobre os instintos e mantém os desejos dentro dos limites da honestidade".
Na Suma Teológica de São Tomás de Aquino diz que o “jejum foi estabelecido pela Igreja para reprimir as concupiscências da carne, cujo objeto são os prazeres sensíveis da mesa e das relações sexuais".
Abster-se de carne e jejuar na sexta feira, além de fazer bem para a vida espiritual do fiel, pode ser uma ocasião de testemunho e de catequese para outros. Recusar publicamente, por amor a Cristo, tal prazer pode ser uma forma de incutir no próximo o desejo de também conhecer o Amado, por quem se faz sacrifícios.

Fontes: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/quaresma/a-origem-da-quaresma/
            https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/quaresma/duvidas-sobre-a-quaresma/
           https://padrepauloricardo.org/episodios/por-que-os-catolicos-nao-comem-carne-na-sexta-feira

Mais:
A substituição da carne pelo peixe (ver a partir do minuto 53)