"Às vezes, “eu te amo” é o mais difícil de dizer. Amy e Matthew não se conheciam realmente. Não eram amigos. Matthew sabia quem ela era, claro, mas ele também sabia quem eram várias outras pessoas que não eram seus amigos. Amy tinha uma eterna fachada de felicidade estampada em seu rosto, mesmo tendo uma debilitante deficiência que restringe seus movimentos. Matthew nunca planejou contar a Amy o que pensava, mas depois que a diz para enxergar a realidade e parar de se enganar, ela percebe que é exatamente de alguém assim que precisa. À medida que passam mais tempo juntos, Amy descobre que Matthew também tem seus problemas e segredos, e decide tentar ajudá-lo da mesma forma que ele a ajudou. E quando a relação que começou como uma amizade se transforma em outra coisa que nenhum dos dois esperava (ou sabe definir), eles percebem que falam tudo um para o outro... exceto o que mais importa."
Amy tem um tipo de paralisia cerebral, ocasionada quando era ainda recém nascida. Por conta disso, não fala nem anda sozinha. Ela precisa de um tipo de computador especial para se comunicar e um andador para se locomover. Frequenta uma escola normal, mas sempre com um auxiliar ao seu lado. Ela acreditava ter amigos e uma vida feliz, só que após uma conversa com Matthew (e depois de ouvir verdades que ninguém teve coragem de lhe dizer) a garota passa a enxergar sua vida com outros olhos. Os amigos a quem ela se referia eram os professores e seus auxiliares. Ninguém da sua idade. Depois disso pede aos pais que a partir daquele momento seus auxiliares sejam colegas da escola. Nicole, sua mãe, realiza as entrevistas com os candidatos e fornece treinamento a cada um deles. E é assim que Amy passa a ter amigos de verdade.
Matthew tem alguns comportamentos estranhos e pensamentos irracionais que o atrapalham, mas que ele não consegue controlar. Ele tem tanta vergonha disso que não consegue conversar com ninguém sobre o assunto. Até que começa a trabalhar com Amy e ela percebe os comportamentos diferentes que ele tem. A garota fica intrigada, pesquisa e descobre que seu auxiliar sofre de Transtorno Obsessivo Compulsivo - TOC.
Matthew é contratado para ajudar Amy, mas no fim das contas a ajuda acaba sendo recíproca. É ela quem o incentiva a procurar ajuda profissional. Ela, uma garota deficiente que sempre foi subestimada pelos médicos e ignorada pelas pessoas. Amy é muito inteligente e sua mãe faz questão de mostrar isso ao mundo sempre que pode. Mas mesmo com toda essa inteligência ela não conseguia fazer amigos. Era invisível. Ninguém se aproximava ou tentava conversar com ela. E ela sempre quis interagir com as pessoas, poder compartilhar seus segredos, criar piadas internas e todas estas coisas. Por isso a ideia dos colegas auxiliares é também uma espécie de "ensaio" para que Amy consiga fazer amigos quando for para a faculdade. A garota acredita que no ambiente universitário isso será mais fácil do que na escola. Ela pensa constantemente em como será a vida na faculdade. Já Matthew não tem nenhuma expectativa para a universidade. Ele não consegue preencher nenhum dos formulários e não quer se candidatar, pois não acredita ser capaz. Ainda não sabe o que vai fazer quando terminar o ensino médio.
Essa história me cativou de uma maneira que eu não esperava. Não li a sinopse, então não fazia ideia do que me aguardava quando comecei a leitura. Acho que meus olhinhos se encheram de lágrimas em diversos trechos do livro. A Amy passa por tantas coisas surpreendentes! É impossível não tentar se colocar no lugar dela. Os trechos que mais me sensibilizaram foram os que ela diz que só quer ter amigos, algo que parece ser tão comum para muitos. É uma garota tão incrível e especial, mas que infelizmente nunca é notada. Por sua condição, sempre foi super protegida pela mãe e chega um momento em que ela fica sufocada com o excesso de cuidados. Por isso a universidade para ela é um sonho, pois é sinônimo de liberdade. Devido a certas circunstâncias, Amy toma algumas decisões sozinhas, até mesmo escondida dos pais, e por isso a relação com a mãe fica delicada. Mas Nicole não faz isso por mal, apenas tem medo de que algo ruim aconteça à filha.
É claro que não me compadeci somente de Amy, mas também de Matthew. Ele teve amigos no passado, mas por conta de seus comportamentos diferentes as pessoas se afastaram dele. Ele é um bom garoto, mas parece que as pessoas não se dão conta disso.
Essa história mostrou-me o quanto deixamos de conhecer pessoas incríveis por conta de preconceitos. Ninguém quer ser amigo da garota deficiente ou do menino esquisito (que é como muitos veem Matthew). Somos atraídos por pessoas fisicamente normais, bonitas e que não demonstram nenhuma “esquisitice”.
Outro ponto interessante na história é o preconceito e como este parte justamente da mãe de Amy. Não para com a filha, mas com Matthew. Logo ela que sempre lutou para que Amy nunca fosse excluída por sua deficiência.
Esse romance foge do clichê e nos surpreende o tempo inteiro. É uma leitura fluida, que você conclui sem perceber. Proporciona diversas reflexões ao leitor e pode arrancar algumas lágrimas. É uma leitura que vale a pena e pode tornar-se uma de suas favoritas.
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